sexta-feira, 20 de maio de 2011

Onde andei

E em um segundo a minha cabeça pareceu querer explodir.
A dor intensa de quem vê o que não gostaria.
Ela estava lá, nos braços de outro, sorridente como um Mineiro ao encontrar jazida.
Eu ainda suportei a visão alguns segundos, antes de sair do local antes de ser percebido.
Óbvio que isso, foi o que pensei não o que realmente aconteceu.
Minha presença foi sentida, percebida e notada sem que eu soubesse naquele momento de tantas Coisas se passaram em tão pouco tempo.
Soube ainda que depois que eu saí e fui embora, levei aquele mesmo sorriso que antes vira em seu rosto, que aquela luz que a iluminara se foi, não e sim pela minha partida, pois assim não precisava fingir tanta alegria, sabendo que naquele momento me causaria dor e angustia vê-la tão contente.
Enquanto me afastava, com olhos marejados de saudade daquele sorriso que outrora era meu sol das manhãs de domingo, cevando o mate frente as casa, eu somente podia correr, e foi o que fiz, acelerei tudo o que podia, quanto mais a adrenalina aumentava mais eu corria, até o limite, sabia que não adiantaria, correr não é o suficiente para fugir, não dos sentimentos.
Chegou um momento em que eu fui drasticamente puxado para longe de tudo isso, quando percebi estava ao seu lado, acariciando seu rosto enquanto admirava a graça daquele olhar, lembranças do que antes acontecera haviam desaparecido, encontrava-me em ambiente estranho, onde luzes de vela iluminavam uma mesa com taças de vinho e rosas vermelhas, não sabia como chegara ali, ainda assim beijei-a, que lábios doces e macios, que saudade escondida naquele momento surreal de paixão e amor, misturados a desejos já não escondidos.
Jantamos enquanto falávamos de dias passados, planejando dias futuros, onde logo seríamos mais que dois.
Nos encaminhavamos até a porta, quando eu a perdi, olhei em volta e já não conseguia encontrá-la, me vi frente ao espelho, os olhos tristes e a visão levemente turva, tentei balbuciar palavras aquele rosto estranho e cansado ali à minha frente, mas uma voz embargada e uma tosse sairam ao mesmo tempo em que a pergunta era feita: Quem é você? Não houve resposta.
Saí daquele banheiro e deparei-me em um bar, ao que tudo indica a horas eu ali estava, uma única mesa vazia, com alguns pertences sobre ela que reconheci de imediato serem meus, o casaco e as chaves, que ainda adornavam o velho chaveiro, ou o que restara dele, que a muitos anos eu ganhara de alguém que agora percebia, eu nunca mais tive noticias.
Ao lado o copo de wisky e o cigarro, uma música estranha animava o ambiente que apesar de frequentado, ao mesmo tempo silencioso, um cheiro de tequila e cigarro barato inundava o ambiente, cheguei a conclusão que aquela era a minha mesa, pedi mais uma dose, e como acontecia a algum tempo não soube como cheguei ali. Embora eu devesse frequentar o local a alguns tempo, pois a moça que atendia chamou-me pelo nome enquanto perguntava se eu beberia o mesmo, apenas acenei com a cabeça que sim.
Continuei sentado ainda um tempo, terminei o wisky acendi o cigarro e fui embora, chovia e fazia frio, puxei o casaco e continuei andando, sem saber onde ir, e então ouvi um som estranho, quase irreconhecível, tentei ignorar mas o som continuava, a cada vez ficava mais intenso, então lembrei onde eu estava, sim, eu estava ali deitado em minha cama, era o celular que me chamava do estranho sonho, o sol já iluminava o novo dia e eu, eu tinha a chance, a possibilidade de mudar tudo o que acontecera no estranho pesadelo misturado de sonho, ao mesmo tempo a angustia de que a ultima parte fosse real e que o fim dos dias estivessem mais próximos, levantei e saí para a vida corrida.
MORAES, luiz carlos.

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